segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Dubai e a Crise


Para escrever sobre o Dubai vou fazer uma breve síntese da história do país.
Dubai engloba uma federação de sete Emirados, dos Emirados Árabes Unidos, composta por Abu Dhabi, Sharjah, Ajman, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujairah. A capital e segunda maior cidade dos Emirados Árabes Unidos, é Abu Dhabi. É também o centro do país de política, industrial e cultural.
O EAU é a economia mais desenvolvida do Oriente Médio e tem a sexta maior reserva de petróleo do mundo, e muito Dubai tem contribuído para isso.
Quanto ao Dubai, existem registos escritos que evidenciam que existe a mais de 150 anos, muito ante da formação dos EAU, tem a maior população das sete federações é a segunda maior por área e tem poder de veto sobre questões de importância nacional a par de Abu Dhabi. Politicamente o país é regido por uma monarquia constitucional é governo por uma família (Al Maktoum ) desde 1833, o seu governador é também o primeiro ministro dos EAU. Foi projectado (A partir do ano 2000) para ser um centro internacional de bancos e finanças e fazer concorrência aos grandes centros financeiros do mundo, com isso foram nascendo grandes projectos imobiliários com certo requinte, infra-estruturas bem correlacionada, e foi feito do país uma offshore dando uma serie de regalias e isenções fiscais a empresas que para lá se deslocassem, atraindo as grandes multinacionais a sediarem-se no país. Todo esse crescimento foi até então financiado pelo petróleo, mas como os objectivos a atingir tinham sido preconizados com um horizonte temporal curto, de 15 anos, as receitas provenientes do petróleo geradas anualmente não chegavam para face as necessidades de crescimento económico, como tal o governo do Dubai começou a emitir dívida para corresponder as necessidades, a medida que iam passando os anos foram emitindo ainda mais dívida até chegar aos valores que se falam nos dias de hoje. É estimado por algumas instituições internacionais que a dívida ascenda aos 55 mil milhões de dólares e que quase metade esta em obrigações e empréstimos bancários. Essa dívida foi emitida pela Dubai Word uma holding estatal do Dubai, sendo que grande parte dessa dívida foi contraída com o Royal Bank of Scotland, banco britânico.
A semana passado o governo do Dubai anuncio uma moratória de seis meses aos credores da Dubai holding para poder cumprir com um pagamento que tinha de ser feito até 14 de Dezembro, esta em causa uma quantia de 3,5 mil milhões de euros. Admitiu o governo que o peso da dívida é excessivo e que se pensa numa reestruturação do serviço de dívida. Com essas declarações os mercados reagiram negativamente sendo que os principais índices bolsistas abriram em baixa. A pois alguns dias com o início das negociações de reestruturação da dívidas as bolsas voltaram a reagir positivamente.

Comentário

Para os mais atentos era de se prever o veio acontecer com o Dubai. Tudo começou com um prazo recorde para a conclusão do mega projecto de construção de uma cidade nova quase a partir do zero, depois a transformação do país numa offshore delimitando uma serie de zonas francas, reduzindo o valor de um instrumento de política orçamental que poderia libertar alguns fundos provinientes do petróleo que estão acupulado ao OGE, assim as receitas de impostos sobre rendimentos, imposto sobre imóveis das empresas sediadas no país podiam servir para atenuar a incapacidade das receitas provenientes do petróleo. O facto que pode ter contribuído para diminuição das receitas do petróleo é a volatilidade do nível de preço que esta matéria-prima tem vindo a ter, e também a imposição das cotas máximas de produção do petróleo pela OPEP para estabilizar o preço da mesma, e o mais agravante esta no facto da maior massa produtiva do Dubai é mão-de-obra estrangeira, o que faz com que muita liquidez se desvie para o exterior.
As economias são feitas em ciclos económicos que se refere, flutuações da actividade económica a curto, médio e longo prazo, é composto por 4 fases, expansão, contracção, recessão e recuperação, actualmente Dubai esta no fim da expansão (Boom económico), e vai começar a entrar na contracção, neste caso é necessário que no período que se segue haja um impulsionador da economia para que volte a entrar no sentido ascendente. No caso do Dubai o que será que vai impulsionar da actividade económica?
Respostas eu não tenho, veremos qual será...
Há muitas lições a tirar desta situação uma delas é que, crescimento sim, mas de forma sustentável, depois, dívida sim, mas não excessiva, e ainda a de que os efeitos negativos tirados de uma relação financeiro contratual não só afectam devedor e credor mas também afectam terceiros, pois não nos esquecemos que o mundo converge cada vez mais para uma aldeia global em as distâncias são encurtadas por meios tecnológicos.
Ficaremos atentos para daqui a 15 anos, ver como Dubai terá saído desta situação, como reagiu ao aparecimento de novas fontes de energia (renováveis). Para nos angolanos há algumas ilações a tirar do crescimento de Dubai.

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